SOBREVIVEMOS



Se me mandassem definir o inicio deste ano com uma palavra, certamente seria desespero. Afinal, tantas vezes foram as que nos desesperamos vendo que as dificuldades seriam inevitáveis. Falar por tanta gente o quanto esse ano foi complicado é ainda mais complicado, pois nós, namoradas de futuros marinheiros, aprendemos como será a nossa vida. Que passamos momentos ora felizes, ora tristes longe de quem amamos. E descobrimos, então, o quão difícil é este fardo.

Sempre que se era pensado em alguma coisa em relação a vocês, surgia a insegurança. E em um ano em que presenciamos tantas brigas, traições e infelizmente separações, tentar suportar a distância e a insegurança se tornou algo complicado. Quando o telefone não tocava ou não era atendido, mais aumentava a desconfiança, mesmo confiando em vocês, era impossível lutar, em primeiro momento, com a insegurança. Cada saída de vocês, cada fim de semana que se passava longe, mais aumentava a insegurança.

Passamos os dias deste ano esperando a cada segundo que as horas passassem e que fosse logo noite para o telefone tocar. E quando iniciava um boato de recesso, era a nossa felicidade! Todos os dias que contamos para que vocês voltassem logo, para estarem conosco... Quando chegava o recesso, passava tão rápido, e logo estávamos de novo no primeiro distrito naval, vendo vocês entrarem naqueles ônibus, indo novamente para longe e deixando conosco as lembranças e a saudade.

Durante esse ano, o amor que sentimos foi testado milhares de vezes, mas o mesmo nos deu força para não desistir, pois a saudade foi imensa, e, às vezes, o medo e a desesperança tentaram nos fazer fraquejar.

Quantas foram as vezes em que, na companhia de amigos, ou quando o pensamento estava longe, batia aquela vontade de estar petinho de vocês. Abraçar, falar e ouvir coisas bonitas, sair e andar de mãos dadas, encostar a cabeça no ombro de vocês e ouvir aquela voz doce bem perto, sentindo o cheiro e o calor da pele. Por várias vezes foi o que mais desejamos! Nesses momentos, começamos a dar valor a certas coisas que algumas pessoas chamam de bobas, mas nós vimos o quanto perdemos tempo às vezes brigando com vocês por besteira. Esses pensamentos serviram para alimentar, cada dia mais, a saudade, fazendo nos lembrar do vazio que existia ao nosso lado com a ausência de vocês.

Tantos foram os motivos pelos quais esperamos vocês. As pessoas sempre nos chamavam de guerreiras e desesperadas. Eu costumo dizer que somos escudeiras fiéis daqueles que tanto lutaram esse ano e hoje cumprem mais uma etapa de toda essa missão. Assim como nós, vocês lutaram contra a saudade de nós e de seus familiares. Lutaram contra a insegurança, solidão e todas as imposições que lhe eram impostas. Passaram por tantas aulas, muitas vezes cansativas e, mesmo assim, arrumavam tempo para as palavras de amor. E também para, algumas vezes, somente nos ouvir falar das coisas bobas e simples que fazíamos durante aquele dia, só para ouvir nossas vozes e saber que estávamos ali, esperando vocês.

Quantas foram as vezes em que passamos horas imaginando como seria a tão esperada volta, o imenso abraço que daríamos, a felicidade que sentiríamos ao revê-los e as batidas do coração aceleradas. Tantas foram às vezes que nossos olhos ficaram úmidos e o choro nos calou, nos deixando mudas para dizer o que realmente sentíamos, do orgulho que sentíamos em ver vocês superando cada dia desse ano com muita garra.

É, essa foi a forma que a emoção da saudade escolheu para brotar e expressar a vontade que sentíamos de estar juntos e tudo voltar a ser como antes. O amor foi quem nos fez esperar por cada milésimo desse ano. A saudade foi cruel, fez doer, maltratou, envelheceu nossos dias, entristeceu nossas noites, porém o sentimento, quando se é puro e verdadeiro, nos faz ter força para que o fim não exista.

Desculpem-nos pelas vezes que a carência falou mais alto nos fazendo ter ciúme e nos ocasionando brigas bobas.

Esse ano de dois mil e dez se passou com muito aprendizado para todos nós, fazendo com que amadurecêssemos, e nos fez aprender no que se baseia um relacionamento. Aprendemos a confiar mais um no outro, a sermos mais compreensivos, menos orgulhosos e que as brigas não nos levam a nada. Vimos como é lidar com as dificuldades que existem em um relacionamento à distância.

Nossa finalidade é agradecer a vocês por toda confiança e ao aprendizado deste ano, nos desculpar pelas mancadas por causa da insegurança e dizer que estaremos sempre aqui esperando em cada viagem que lhes forem impostas.

Gostaríamos que soubessem que, para nós, esse ano valeu a pena tanto quanto os anos que passamos e passaremos juntos. Queríamos tanto que ele passasse rápido, que agora que passou, até sentimos saudades. Saibam que temos muito orgulho de vocês por conseguirem realizar o que mais almejaram, que desejamos estar com vocês daqui em diante, durante toda nossa vida e, se isso for possível, seremos pilastras para vocês, fazendo o máximo para não os deixar cair e, se houver algum tropeço, seguraremos a mão de vocês, os levantaremos e seguiremos em diante, nunca os deixando sozinhos. Hoje não é o fim, e sim, o começo, e desejamos o melhor hoje e sempre!

Tentaremos fazer o possível e o impossível para que jamais desistam desse amor, afinal, Deus nos uniu para sermos diferentes, sempre superando os obstáculos, tendo paciência para suportar a saudade, a esperança de que amanhã estará conosco novamente e fé de que será sempre tudo melhor.

Esperar vocês será nossa prioridade e poderemos assim aproveitar nossos momentos juntos.

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; (...)"
[Coríntios 13 4-8]

Por : Thaís Bueno , 25/09/2010

Visto e revisado por: Carolina Pessôa


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